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Obesidade: novas drogas não devem suprimir o tratamento não farmacológico

Obesidade: novas drogas não devem suprimir o tratamento não farmacológico
Nos últimos dias, o debate público sobre saúde tem se movimentado com a chegada de uma nova aliada no combate à obesidade e ao sobrepeso. A semaglutida, antes recomendada no Brasil apenas para o tratamento do diabetes, foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o controle de peso.

A droga aumenta a sensação de saciedade e reduz o apetite, além de estar associada a melhorias em outros fatores de risco para doenças cardiovasculares. Médicos especializados no tema têm celebrado o novo uso do medicamento, no entanto, apontam que não existe solução mágica para quem sofre de obesidade, Qualquer remédio precisa ser usado com orientação médica e associado a mudanças no estilo de vida.

“A obesidade geralmente é causada por diferentes fatores. São fatores genéticos, sociais, comportamentais, neuroendócrinos, além de problemas psíquicos, que levam o paciente a ter o alimento como sua principal fonte de bem-estar. Às vezes, essa relação pode ser similar a um vício, ao uso de uma droga”, explica dr. Jarbas Cavalheiro, cirurgião bariátrico no Hospital Mãe Deus.

Dra. Melissa Barcellos Azevedo, médica do Serviço de Endocrinologia e Metabologia do Hospital Mãe de Deus, considera que o tratamento não farmacológico é o principal aliado no combate à obesidade.

“É o tratamento não farmacológico que deve nos guiar sobre a complexidade de cada caso. Ele é o grande responsável pelo sucesso ou insucesso de um tratamento. Sucesso no tratamento para obesidade significa por quanto tempo, de forma saudável, sem danos à saúde, um indivíduo permanece com um peso o mais próximo possível do adequado para si”, avalia Melissa.

A médica reconhece que a semaglutida é uma das principais ferramentas farmacológicas no tratamento da obesidade: “Sem dúvida é uma medicação que alia o controle metabólico ao controle do peso com menos efeitos colaterais”.

No entanto, observa que o maior desafio não está em encontrar a droga adequada para cada tratamento, e sim conscientizar o paciente a respeito da sua saúde: “O maior desafio está relacionado à capacidade do paciente compreender que a obesidade é uma doença crônica, com necessidade de equipe multidisciplinar por tempo indeterminado. Paciência, responsabilidade, aceitação, foco, apoio e acolhimento são fundamentais nesse tratamento”.

Jarbas Cavalheiro observa que o desafio é o mesmo para quem opta pela cirurgia bariátrica como recurso. A cirurgia costuma ser apontada como o tratamento que consegue promover o maior percentual de peso perdido quando comparado ao tratamento não farmacológico ou mesmo farmacológico, Além de ser responsável pelos melhores resultados com relação a tempo de remissão de outras doenças associadas à obesidade, como diabetes e hipertensão arterial. No entanto, os tratamentos precisam ser individualizados, uma vez que nem todos os pacientes responderão do mesmo modo a procedimentos e medicamentos.

“A cirurgia ainda é um meio eficaz de perda de peso. Mas, mesmo com a cirurgia, se o paciente não aderir ao tratamento e não encarar a obesidade como uma doença crônica que precisa de acompanhamento com uma equipe, ele poderá voltar a engordar”, ressalta.

Para Melissa Barcellos, o tratamento se inicia com a busca por profissionais qualificados e engajados: “Tratar obesidade é fazer mudanças, transformar a maneira de encarar a vida, mas não de maneira radical. É uma jornada constante e desafiadora, porém jamais impossível”.