Porto Seguro mostra exemplo de superação de pessoas com deficiência visual
Na passagem do 13 de dezembro, Dia Nacional da Pessoal com Deficiência Visual, Porto Seguro tem bons motivos para comemorar. Especialmente quando se trata do trabalho desenvolvido pelo Ceame (Centro de Educação Inclusiva e Atendimento Especializado), um setor da Prefeitura de Porto Seguro, ligado à Secretaria Municipal de Educação, que desenvolve atendimento diferenciado e individualizado para as pessoas com deficiência visual, respeitando as necessidades e particularidade de cada aluno.
Sob a direção da professora Vera Liu, o Ceame atende crianças e adolescentes da Educação Infantil e Fundamental I e II, no turno oposto ao da escola. Entre as atividades desenvolvidas junto aos alunos cegos ou com baixa visão estão a alfabetização em braile; orientação à mobilidade, para aprender a se locomover pelas ruas; atividades de vida autônoma e o uso de tecnologias assistivas, como computadores, aplicativos, programas de voz, leitores de tela e letras ampliadas.
Exemplo de vida
Rosileide Nunes Santos, 27 anos, uma das professoras da área de deficiência visual, é cega e pode comprovar com sua própria história de vida o quanto vale à pena o investimento no conhecimento através da experiência inclusiva. Como acontece com frequência, ela, que nasceu com um problema congênito de baixa visão, usava óculos de grau forte, e por isso mesmo, sofria muito bullying na escola.
“Quando eu tinha 11 anos, uma menina acertou meus óculos, que caíram no chão e quebraram”, lembra. Rosileide procurou então um médico para conseguir novos óculos e foi orientada a fazer uma cirurgia para recuperar a visão. “Infelizmente não tive sucesso e em vez de melhorar, perdi de vez a visão”, conta. Passada a dor inicial, a menina deu a volta por cima, e hoje serve de exemplo de superação para crianças e adolescentes na mesma situação.
“Conheci então a equipe do Ceame, tive contato com o braile, aprendi a ler e escrever, e de lá pra cá, com a ajuda de Deus e o apoio da minha família, foi só progresso”, comemora. Entre os vários cursos que conseguiu ter acesso, Rosileide fez pedagogia e especialização em Atendimento Educacional Especializado. Como professora do Ceame, juntamente com as técnicas Graciela Prates e Normélia Miranda, ela tem ajudado na inclusão de muitas pessoas com deficiência visual na sociedade.
Hoje casada com Mário, que também é cego e mãe de David de 8 anos e Emanuele, de 3, ela ajuda a cuidar da casa e dos filhos, com total autonomia, além de desenvolver sua missão de professora d Ceame, onde é motivo de orgulho e exemplo para a instituição, a família e as pessoas que ela consegue ajudar. “Quando o aluno é frequente e contamos com a parceria das famílias, que são fundamentais, nesse processo, conseguimos conquistar resultados muito gratificantes”, resume.