Cristina Lacerda e a mulher na política
Ainda não é desta vez que terei uma parceira e mulher para governar o meu país. Triste. Desestimulante. Mais uma vez cresceu em mim a esperança de que teria uma grande mulher a reger os destinos de minha nação. Quanto desencanto!
Começa a campanha eleitoral e veio os debates. Torço. Fico de pé em frente à televisão na expectativa de que surgiria incentivo e promessas de elevar a dignidade humana, ao meu direito de escolher trabalhar com o que mais identifico-me… Mas não. O que vi e ouvi através das promessas de campanha das parceiras candidatas ao cargo mais elevado do país , com o currículo de ser senadoras da República foi a mesma forma de fazer política assistencialista que vivemos há alguns anos. O recado foi dado para milhares e milhares de eleitoras, dessa forma: fiquem em casa, pois eu darei casa, comida e roupa lavada sem que você mulher brasileira, precise trabalhar, sair de casa pela manhã, com seu sapato alto ou um all star, batom na boca e enfrentar o mundo de cabeça erguida.
Que pena!
Que desperdício de oportunidade… Não bastasse isso, os termos chulos pronunciados e que nem servem pra sorrir, vem à tona, de forma grosseira, com duplicidade de interpretação. Que pena!
Quanto tempo ainda precisamos de educação política para governarmos nosso país?
Não sei responder…
Tento acompanhar as trajetórias de outras mulheres públicas ao redor do mundo, e invejo a Itália que elegeu Giorgia Meloni, como Primeira-Ministra. Em um de seus discursos, ela cita um pequeno trecho do escritor Chesterton, escrito há mais de um século que diz: “Tochas serão acesas para testemunhar que dois e dois são quatro. Espadas serão desembainhadas para provar que as folhas são verdes no verão.” Essa hora chegou. Nós estamos prontos”.
Aqui, nós não. Não estamos prontas. Para mim e uma parte das mulheres brasileiras, nos resta apenas neste momento, não apenas lembrar das propostas políticas e as promessas políticas de nossas parceiras, como também, que seremos tão felizes, mais tão felizes que iremos viver de cerveja e carne. E para crescer a indústria da cerveja, que adoro, compraremos celulares e deixemos ser roubadas, afinal, é só para ajudar os jovens a tomar uma cervejinha.
Ah! E para que eu não esqueça: Namorem. Namorem muito… Se engravidar ? Abortem. Abortem. Simples assim. ..
De resto, salve meu país!
Salve a democracia!
Salve eu e um bocado de mulheres que ainda sonham com dignidade, progresso, educação, trabalho, enfim, emancipação, liberdade.
Salve! Salve o verde, o amarelo, o azul e o branco que permeia os meus sonhos …
Sonho de viver num país feminino com mulheres e homens que queiram trabalhar e de fato construir uma sociedade igualitária.