Casos de câncer aumentam em todo o País
No triênio anterior, de 2020 a 2022, foram estimados 625 mil novos casos da doença. A pesquisadora Marianna Cancela, da Coordenação de Prevenção e Vigilância do INCA (Conprev), não recomenda a comparação entre o relatório atual e o documento anterior devido a alterações na metodologia, ao aumento da população e à inclusão de novos tumores na estimativa mais recente.
Entretanto, ela afirma que o aumento de casos de câncer de forma geral é esperado, devido ao envelhecimento da população e também a fatores de risco específicos, como tumores associados a estilo de vida. Essa também é a percepção do médico Ben-Hur Ferraz Neto, cirurgião de fígado e pâncreas.
“O número de casos de câncer tem aumentado e a razão é multifatorial. Tem o envelhecimento da população e hábitos menos saudáveis. O aumento da obesidade também tem uma grande implicação no aparecimento de câncer”, diz Ferraz Neto.
Pela primeira vez, o documento trouxe dados sobre os cânceres de pâncreas e de fígado, além de outros 19 tipos de tumores. O câncer de pâncreas é o 13ª câncer com maior incidência no Brasil, com 10.980 casos estimados a cada um dos três anos, e o de fígado vem logo depois, em 14º lugar, com estimativa de 10.700 casos por ano.
Cancela explica que a decisão de incluir esses cânceres nas estimativas foi tomada porque eles estão entre os dez tipos mais comuns em varias regiões do Brasil, como Norte e Sul. Além de serem dois tipos de câncer extremamente letais.
“O câncer de fígado esta em 7º lugar entre os homens na região Norte. Na região Nordeste, em 8º. E é um câncer que pode ser parcialmente prevenido através da vacinação contra Hepatite B. Já o câncer de pâncreas, é o 6º mais comum entre as mulheres na região Sul. Ele está mais relacionado à obesidade, sedentarismo e tabagismo, que são fatores de risco que podem ser controlados”, explica Cancela.
Ferraz Neto, considera super importante a inclusão desses dois tumores nas estimativas. Ele acredita que isso irá ajudar a aumentar a conscientização da população sobre a importância de realizar check-ups nesses órgãos.
“Isso cria um alerta importante para a população, especialmente no caso do fígado, que é um órgão silencioso, que não causa sintomas. A chance de cura para um tumor de fígado inicial é de praticamente 100%. Mas se já está grande ou invadindo algum vaso sanguíneo importante, essa taxa cai para zero. A diferença é muito grande. Por isso é fundamental que as pessoas procurem saber como está seu fígado e como isso influencia seu risco da doença, para que elas possam fazer um acompanhamento mais frequente, se necessário”, alerta o médico.
Câncer de pele
O câncer de pele não melanoma é o mais incidente no Brasil, responsável por 31,3% do total de casos estimados para os próximos três anos. Esse tipo de câncer é mais comum em pessoas com mais de 40 anos, de pele clara e sensíveis à ação dos raios solares. Ele também tende a ter uma taxa de letalidade mais baixa. Por isso, em algumas partes da análise do Inca, o tumor é separado dos outros.
Depois do pele não melanoma, os tumores malignos mais incidentes no país são: câncer de mama (10,5%), próstata (10,2%), cólon e reto (6,5%), pulmão (4,6%) e estômago (3,1%).
Próstata e mama
Em homens, o câncer de próstata é predominante em todas as regiões, totalizando 72 mil casos novos estimados a cada ano, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Em seguida, está o câncer de cólon e reto, traqueia, brônquio e pulmão, estômago e glândula tireóide.
Nas regiões de maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), os tumores malignos de cólon e reto ocupam a segunda ou a terceira posição, sendo que, nas de menor IDH, o câncer de estômago é o segundo ou o terceiro mais frequente entre a população masculina.
A pesquisadora do INCA também chama atenção para o câncer de cavidade oral, que aparece entre os cinco principais tumores entre os homens, em quatro regiões do País.
Já nas mulheres, o câncer de mama é o mais incidente (depois do de pele não melanoma), com 74 mil casos novos previstos por ano até 2025. Em seguida, de forma geral, estão: câncer de cólon e reto, traqueia, brônquio e pulmão, estômago e colo do útero.
Nas regiões mais desenvolvidas, em seguida vem o câncer colorretal, mas, nas de menor IDH, o câncer do colo do útero ocupa esta posição.