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Câncer: prevenir o que for prevenível, curar o que for curável

O Inca (Instituto Nacional de Câncer) apresentou, há alguns dias, a estimativa de casos de câncer para o triênio 2023-2025. Para cada ano deste período, são esperados 704 mil novos diagnósticos. Para se ter uma ideia do crescimento esperado, na última estimativa divulgada, entre 2020 e 2022, a projeção era de 625 mil novos casos anuais. Uma alta de mais de 12%.

O câncer de mama, para mulheres, com 74 mil casos novos previstos por ano, e o de próstata para os homens, totalizando 72 mil casos novos estimados anualmente, continuam sendo os mais incidentes entre brasileiros e brasileiras, se tirarmos desta conta os tumores de pele não melanoma. Nesta lista de principais prevalências, ainda temos as neoplasias de cólon e reto, pulmão e estômago.

Vale o destaque também para os tumores de colo de útero entre as mulheres, ainda uma condição regional mais preocupante no Norte e Nordeste do país. Por outro lado, as regiões Sul e Sudeste devem concentrar cerca de 70% dos diagnósticos do país.

A estimativa traz projeções da ocorrência para os 21 tipos de câncer mais incidentes no país. Este rol teve duas inclusões muito relevantes: pâncreas e fígado. Até então, não havia dados sobre estes tumores nas listagens do Inca, que reconhece que esses dois tipos de câncer são “problema de saúde pública em regiões brasileiras”.

De acordo com a publicação, as neoplasias de fígado aparecem “entre as 10 mais incidentes na região Norte, estando relacionada a infecções hepáticas e doenças hepáticas crônicas”. O câncer de pâncreas está entre os 10 mais incidentes na região Sul, tendo como principais fatores de risco a obesidade e o tabagismo.

Segundo Liz Maria de Almeida, coordenadora de prevenção e vigilância do Inca, a divulgação das estimativas é o “momento para se pensar estratégias mais amplas de combate ao câncer”. Mas, além do debate, precisamos realmente partir para a ação. Destes mais de 700 mil casos anuais de câncer no Brasil entre 2023 e 2025, quantos serão diagnosticados em fases precoces, com melhores chances de cura?

Quantos destes pacientes receberão o tratamento correto no tempo certo? E como promovemos a prevenção? Estimulamos nossa população a comer melhor, a praticar atividade física com orientação? Estamos vacinando a população? Apoiamos os tabagistas para que deixem de fumar? E como trataremos as diferenças regionais?

Durante a apresentação das estimativas pelo Inca, foi destacado o “Plano Global de Ação da Organização Mundial da Saúde”, com quatro objetivos estratégicos que os Estados membro devem cumprir.

São eles: prevenir o que for prevenível (evitando a exposição a fatores de risco), curar o que for curável (com detecção precoce e estratégias de diagnóstico e tratamento), promover o alívio da dor e melhorar a qualidade de vida (com estratégias de cuidados paliativos), e fazer uma gestão para o sucesso (com o fortalecimento da gestão nacional e a promoção de monitoramento e avaliação de estratégias de capacitação).

Os desafios são grandes e crescem a cada ano, como mostram os números. Precisamos curar o que for curável e cuidar da dor e da qualidade de vida de nossos pacientes. Mas não devemos, nunca, deixar de prevenir o que for prevenível e promover uma gestão eficiente das políticas públicas na oncologia. Só assim conseguiremos virar estas estatísticas do câncer no B